A menina da bolha

Eu vivo dentro de uma bolha. Uma bolha a qual só entra quem eu acho que merece. Quem tem a mente aberta o bastante pro meu jeito estranho, quem se importa comigo, e mais um monte de exigências que eu insisto em fazer. Aí quase ninguém entra nessa bolha, mas eu não ligo, melhor ter um ou dois amigos bons, do que milhares mais ou menos.  Aliás, eu tenho esses milhares mais ou menos, mas eles não entram na minha bolha, eu falo com eles de lá de dentro, e ás vezes saio pra falar com eles.

Ás vezes é ruim perceber que eu queria algumas pessoas lá dentro, mas elas simplesmente não conseguiram alcançar todas as exigências que meu instinto faz, e mesmo que eu as puxe para dentro, elas nunca conseguirão entrar.

Quando as pessoas precisam sair, pra poder dar atenção para outras pessoas eu fico sozinha, mas estar sozinha pra mim não é algo ruim. Solidão é algo que não acontece muito na minha vida, e se acontece, pra mim é legal. Enfim, estar sozinha é ótimo quando você não se sente sozinha. É bom falar quando você quer, fazer o que você quer, sem intervenções ou sem ter que contar até dez quando quer ficar calada e alguém quer conversar. 

Quando alguém me chateia eu acabo descontando em toda a humanidade, como se toda a humanidade tivesse os defeitos de quem me chateou, ou que toda a humanidade vai me chatear também. E isso faz com que eu tenha, cada vez mais, um certo medo de sair dessa minha bolha. Quando alguém estranho se aproxima eu me fecho dentro dela, como se fosse um escudo para me proteger de alguém que venha me fazer mal, me estressar, ou de algo que nem eu mesma sei o que é.  Mas eu continuo sendo uma humana amorosa, que só quero o bem de todos e vive sonhando com mais amor no mundo, apesar de nem sempre parecer, apesar de nem sempre demonstrar.